Se o País quiser melhorar o índice de leitura dos seus habitantes, é
fundamental investir na capacitação do professor para esse fim. A
pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Instituto Pró-Livro
no ano passado, mostrou que os professores são os maiores
influenciadores desse hábito. Entre as 5 mil pessoas ouvidas em todo o
Brasil, 45% apontaram os mestres como tal.
Essa foi a terceira pesquisa da série (iniciada em 2001) e, pela
primeira vez, os docentes aparecem no topo da lista. No levantamento
anterior, feito em 2007,
as mães eram a figura mais lembrada nesse quesito. Elas apareciam com
49% das indicações, ante 33% dos professores. Dessa vez, tiveram dois
pontos porcentuais a menos que eles: 43%.
“Isso mostra a crescente importância da escola frente ao papel dos
pais, que muitas vezes não conseguem dar esse exemplo”, afirma Karine
Pansa, presidente do Instituto Pró-Livro. “Logo, se tem esse status de
influenciador, o professor precisa ser letrado, gostar de ler.”
No Brasil, no entanto, muita gente ainda corre dos livros. O
resultado da pesquisa mostrou que apenas 50% dos brasileiros são
considerados leitores – segundo a metodologia, pessoas que leram pelo
menos um livro nos três meses precedentes ao questionário da pesquisa. É
um índice menor que os 55% registrados em 2007.
Nesses quatro anos, o número de livros lidos por ano também caiu de
4,7 para 4. A queda pode ser entendida pela preferência das atividades
de lazer. Em 2011, 28% disseram gostar de ler jornais, revistas, livros e
textos na internet no tempo livre. O porcentual era de 36% na pesquisa
anterior, em 2007. Enquanto isso, o índice de quem gosta de assistir à
TV subiu de 77% para 85%.
“Estamos muito longe de alcançarmos países historicamente leitores,
como Espanha e Portugal, que registram 10,3 e 8,5 livros/ano por
habitante, respectivamente”, diz Karen. No Brasil, são os livros
didáticos, lidos por obrigação, os campeões (mais informações nesta
página).
Um antídoto para isso, explica Karen, é exatamente o estímulo à
biblioteca, equipamento ainda em desuso por aqui. “Precisamos ter
estratégias. O público vai se interessar por um acervo bem catalogado,
que tenha os livros mais vendidos, uma estante de obras que sempre se
renove”, diz.
A pesquisa mostrou que 75% da população não frequenta uma biblioteca.
Dentre os que frequentam, a maioria (71%) considera o espaço um lugar
para estudar; para 61% é um lugar para pesquisa; em seguida, aparece
como um ambiente voltado para estudantes para 28% dos entrevistados; e,
em quarto, com 17%, a biblioteca é apontada como um local para emprestar
livros de literatura.
“Isso nos leva a pensar que se deve estabelecer modelos mais
atrativos, com internet e filmes, por exemplo. E eu não acho que isso vá
tirar o foco do local. Pelo contrário, serve de isca. A pessoa entra
sem pensar no livro e sai de lá apaixonada por literatura.”
(Por Ocimar Balmant, do Estadão)
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